O filme começa com uma cena emblemática, que marcaria de forma indelével a vida de Julia Child. Ao desembarcar em Rouen, no final dos anos 40, Julia (Meryl Streep) experimenta um prato ícone da França: o linguado à Meunière tão bem preparado, tão cheio de manteiga, que quase a levou às lágrimas. Anos depois ela revelou ao New York Times que aquela refeição significou “uma abertura na minha alma”. Mais do que isso, representou também o encontro de uma atividade que, mais tarde, a tornou conhecida no mundo inteiro.
Julia escreveu vinte livros sobre o assunto, entre os quais os dois volumes de Mastering the Art of French Cooking (1961 e 1970), Julia’s Delicious Little Dinners (1998), e Julia’s Casual Dinners (1999). E todos foram best-sellers nos Estados Unidos. A desmistificação da cozinha francesa foi mostrada passo a passo também em outras séries para televisão comandadas por Julia, como The Way to Cook e Baking with Julia. Por mais de 20 anos (1963/1985) ela mostrou, na telinha, coisas insólitas como rãs e escargots. E assim aos poucos, Julia introduziu e divulgou o refinamento da gastronomia francesa (porém sem frescura) nas mesas americanas, uma “façanha” que não me canso de aplaudir. Como neta de franceses (afinal meu sobrenome é Lebert!), faço parte dessa legião que louva as imbatíveis receitas tradicionais e as técnicas de cozinha francesa, uma das culinárias mais apreciadas em todo o planeta.